segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Esperando algo

Hoje foi um dia em que me senti só. Por isso não posso ganhar a vida como escritor, pois só dá vontade de escrever nesses momentos. É quando o que está no fundo do oceano submerge para conversar com a lua. É quando as perguntas que estão talhadas em pedra voltam a nos visitar.

Há quase três meses atrás eu fiz meu vigésimo nono aniversário. E a quase um ano da morte do meu irmão, isso me pegou pelos três cantos do triângulo. Tenho me preocupado tanto com isso, que o efeito deveria ser de sentar e escrever tudo que me vêm à cabeça porque o tempo é curto. Mas ao invés disso, fico só fazendo o básico: trabalhando, dormindo, e andando em círculos com a minha vida.

Já não posso mais cantar “vinte e poucos anos”

Três décadas sem descanso trouxeram alguns muitos arranhões ao meu corpo e mente. Mas não devo reclamar de tudo, pois também aprendi tanto que não dá pra comparar com alguém que está entrando nos vinte. Mas confesso que minha ambição era chegar nessa idade sabendo e vivendo ainda mais.

Nos meses que precederam minhas últimas férias, fiquei só sonhando com as possibilidades de qual lugar iria conhecer - se no Brasil ou no resto do mundo. Mas quando chegaram as férias, ficou só a preguiça para contar história.

Não reclamo muito da minha preguiça, sabendo que a culpa é minha e que tem solução. Mas me pergunto do algo mais. É, o algo mais que nos faz hesitar, que me faz lembrar o que Morpheus disse à Neo para tentar explicar seu estado de vida atual. No filme Matrix (1999), aos exatos vinte e seis minutos e meio de filme: “Você tem o olhar de um homem que aceita o que vê porque está esperando acordar.”

Tenho me sentido assim por muito tempo. Como um estado estacionário. Dando voltas como se fosse um asteróide. Qual é o gatilho me mudará minha rota? Isso acontecerá devido a algo que estou esperando? Ou será algo totalmente inesperado? Estou realmente esperando algo? O que será? Poderia ser “pela próxima vida talvez” como disse a Oráculo para Neo, aos cento e cinco minutos do mesmo filme, se fosse o fato de eu acreditar numa próxima...

As possibilidades são muitas, independente das chances (que são desconhecidas), poderia ser por um novo emprego, um novo amor, uma nova casa, uma nova cidade ou país, um novo modo de pensar...

Uma nova missão na vida. Um propósito é o que a maioria das pessoas procura - pelo menos as que não vivem em função de esperar por ganhar na mega-sena – um propósito que faça todo o resto (dinheiro, coisas, férias, preencha você...) parecer mera banalidade.

Ah, e nada de planos!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Illusions

A noite silencia para ouvir nossos lamentos.
Nossos peitos gritam a dor desses tormentos.
E as lágrimas inundam nossos corações.
Quem são esses que se opõem ao nosso casamento?
Quem são esses destruidores de emoções?
Que fazem cair sobre nós o firmamento,
Afligindo-nos com esse eterno sofrimento.
Bem sabes do meu secreto sentimento,
Que sem teu sorriso prefiro morrer.
E se minha vida você não pode ter,
Ninguém jamais terá.
Você confessa a mesma libertadora intenção.
E segurando forte a minha mão,
Diz que nem o anjo da morte irá nos separar.
E se o destino assim o desejar,
Será no paraíso que eternamente iremos nos juntar.
Encorajados pelos sentimentos despertados
E seguros que isso não iria mudar.
Com um beijo, selamos o pacto dos desesperados.
Então a lâmina brilha com a luz do luar.
O aço frio abre o meu peito.
Fazendo o meu coração sangrar.
Cambaleando te procuro,
Mas não consigo te encontrar.
Desesperado grito teu nome, em vão...
Só escuto você a chorar.
Num último instante lhe estendo a mão.
Mas o medo te faz afastar.
Entendo agora que estou sozinho.
E que sofrerei por este eterno caminho,
As conseqüências deste horrível crime.
Compreendo então,
Que grande é a ilusão.
Daquele que acredita,
Que é eterno o que dita,
A força de uma paixão
E num último suspiro cai meu corpo,
Na mais profunda e solitária escuridão.