segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A crise econômica e o futuro

(Da realidade que temos para o futuro que queremos)

Mais uma vez o mundo vive um período de transição. Crise é a palavra da época; espera-se que por tempo limitado. É um momento de ruptura no funcionamento de um sistema. Uma vez ultrapassada, os novos comportamentos não se identificam mais com os que a precederam. O que precisamos aprender quando nos referimos às organizações, seus sistemas de gestão e seu universo humano?

O primeiro desafio é admitir que o processo de mudança é quântico. Na era da informação, não adianta procurar soluções em modelos funcionais clássicos. Também não cabe manter estruturas hierárquicas convencionais, visto que o conhecimento flui horizontalmente. Sabemos, portanto, qual é a tendência. Nossa obrigação é discuti-la, construir ferramentas e lutar por soluções que a viabilizem.

Num momento de contenção e rebaixamento de metas, a perspectiva é a sobrevivência e o foco no resultado imediato. A questão é se os resultados são sustentáveis, pactuados dentro de uma ética que considere as necessidades de todas as partes. As mais recentes pesquisas em qualidade de vida são eloqüentes ao demonstrar que as pessoas não agüentam mais o resultado a qualquer custo.

Todos buscam alinhar o trabalho individual às estratégias organizacionais. Para isso, é preciso mobilizar as pessoas individual e coletivamente. Sucede que o nível de consciência sobre os processos e frutos de tal alinhamento amadureceu: o papel da liderança, as demonstrações de reconhecimento, a lógica da recompensa, tudo isso requer estratégias baseadas nos valores que pessoas e grupos levam para a organização como produto de suas experiências de vida. Mobilizar é compartilhar com maturidade a construção de expectativas comuns.

No entanto, nem todos os ativos estão à disposição, em especial os intangíveis, relegados a segundo plano pelos gestores. Dentre eles, a educação em suas diversas expressões, como aprendizagem organizada e incentivo à criatividade, por exemplo. O Brasil não se orgulha de suas conquistas nesse campo. O investimento maciço em educação não pode esperar por um cenário econômico favorável, porque qualquer cenário precisa ser favorável à educação. Esta é uma prioridade para os gestores de RH e gestores de pessoas.

Se fizermos um exercício de transformação do tipo de-para, não teremos dificuldade em constatar que esse "para" pode ser competitividade, produtividade, trabalho colaborativo, flexibilidade, atenção aos stakeholders e mudanças.

As organizações só conseguirão transformar essa sopa de letras em realidade se orquestrarem um novo pacto com todos os envolvidos em suas estratégias, a partir das pessoas que nelas trabalham.? O mundo está mudando muito depressa para esperarmos que os outros façam por nós o que a sociedade exige em modelos de convivência produtiva. É hora de a economia se integrar às demais disciplinas da ciência social. Nada melhor que um momento de ebulição para darmos sentido à nossa missão de profissionais e cidadãos. Deve-se respeitar a realidade e aí encontrar oportunidades para superá-la, mas com um sentido de futuro.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Os donos do Brasil

Quem são os donos do Brasil? Poderia dizer, citando a canção Donos do Brasil, do novo disco do cantor Fagner, composta por ele em parceria com Nonato Luís e Paulinho Tapajós, que os Carijós, Maués, Guarás, Carajás, Cariris, Parecis, Tupinambás, Bororós, Guaranis, Guaraçás e Arauás, habitaram num Brasil remoto. Faz tempo que esta terra não é mais deles. Lembrar das tribos, significa imaginar um remoto país, dos antigos livros de história, antes dos portugueses...

De lá pra cá, os nossos Cariris metamorfosearam-se e passaram a ocupar as favelas, ruas e viadutos das grandes cidades. Foram excluídos, exterminados. Habitam a maior parte do Brasil, constroem por linhas indefinidas, o futuro do país. Estão nas estradas, dormindo mal, transportando a riqueza nacional, com qualidade de vida de países africanos, votando no político mais populista, sonhando com dias melhores. Ainda são donos do Brasil, pois estão nas ruas, nos espaços existentes, promovendo parte da violência civil cotidianizada.

Os donos do Brasil são os que se apropriam de parte importante do nosso PIB. São multinacionais, que produzem quase tudo que consumimos, enviando renda para o exterior, na forma de lucros, royalties, juros, entre outros. São eles que utilizam os dólares obtidos com o superávit na balança comercial (que tende a ultrapassar os US$ 30 bilhões este ano), para realizarem seus investimentos. São eles que dominam quase sozinhos setores a exemplo de telefonia, material de construção, energia, bens de consumo duráveis, entre outros, mantendo margens de lucros elevadas.

Outros, sobrevivem com as taxas de juros absurdas por aqui praticadas. São sócios do capital financeiro, especulam nas bolsas de valores e com os títulos de uma dívida perversa. São parasitários: ao somar a situação final dos participantes do jogo, se vê que lucram, em detrimento do orçamento público em saúde, educação e segurança. No ano passado, o governo utilizou R$ 112 bilhões com o pagamento de juros da dívida, o que significou mais de cinco vezes o orçamento do Sistema Único de Saúde!

Alguns outros, invadem a telinha da minha tv, para prometerem o céu aqui na terra, caso sejam eleitos. Fazem negociatas, se apropriam, enriquecem ilicitamente e sempre terminam beneficiando a si e aos seus familiares. Prometem amor e competência, mas mascaram relações sociais perversas: falam de povo, como se a sociedade fosse única, pacífica e não dividida por interesses e grupos diferenciados. Eles estão em Brasília, Fortaleza, Campina, São Paulo e em todos os lugares. São gentis, benevolentes, beneméritos, sorridentes, amigos de infância, adivinham o que eu quero antes que eu mesmo tenha consciência do que é bom pra mim.

Cresci ouvindo falar de que o Brasil é o país do futuro, “futuro que insiste em não vir por aqui”, segundo uma belíssima música de Toquinho. Para muitos, o futuro já chegou: é resultado da divisão injusta da nossa riqueza, resultando em alguns sorridentes e outros desdentados. Se existirá um futuro melhor para nós, atuais Cariris e Bororós, será apenas se tivermos um país voltado para a nossa qualidade de vida. Ou, nem preciso ir muito longe, a ponto de propor revoluções: que tal, um SUS que funcione de fato, uma educação pública de qualidade, apenas para começar? Aí sim, os donos do Brasil serão outros.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Relíquias

Hoje eu estava arrumando minhas gavetas, e reencontrei uns papeis que me foram dados pelo gerente do meu irmão, Daniel, dias após sua morte. Haviam formulários em branco, apostilas de um curso de vendas, e um caderno de anotações.

Vou guardar este caderno para sua filha para quando ele maior. Tem muitos desenhos que eles fizeram juntos, lista de músicas que ele iria tocar com sua banda, anotações do trabalho e até um desabafos e um poema, que vou publicar aqui. Acho que foi uma das últimas coisas que ele escreveu. E acho que em seu íntimo, ele sabia que estava partindo. Isso não quer dizer que fosse seu desejo.

Um sonho: céu, água e ar
...só o que é bom... vai me cercar
A noite
...está pra chegar
...com as estrelas... vou me encontrar

Se você... estiver... ao meu lado
Cada som, cada brisa, e o som do mar, será sempre mais claro
A pureza que o vento me sopra fará flutuar

// Daniel Alcântara

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Sugestão para 2009

Um rapaz já de certa idade, pegou o ônibus e enquanto subia, um de seus sapatos se soltou e escorregou para o lado de fora. O ônibus saiu rapidamente, e a porta se fechou sem que houvesse chance de recuperar o sapato 'perdido'. Imediatamente, ele retirou seu outro sapato e jogou-o pela janela. Outro rapaz no ônibus que observava a situação, sem poder ajudar perguntou:

- Desculpe perguntar, mas por que jogou fora seu outro sapato?

- Pra que alguém o encontre e seja capaz de usá-los. Provavelmente apenas alguém realmente necessitado dará importância a um sapato usado encontrado na rua. E de nada lhe adiantará apenas um pé.

Quando desceu do ônibus em seu destino, aquele rapaz buscou uma loja, e comprou um novo par de sapatos.

Durante nossa vida é inevitável perder coisas. Muitas vezes estas perdas são penosas e supostamente injustas, porém certamente necessárias para que coisas novas e melhores possam acontecer.

Jogue fora idéias, crenças, maneiras de viver ou experiências que não lhe acrescentam nada e lhe roubam atenção e energia. Aproveite e tire do seu 'armário' aquelas coisas negativas que só lhe trazem tristezas, ressentimentos, mágoas e sofrimento.

O 'novo' só pode ocupar espaço em nossas vidas quando o 'velho' deixar de fazer parte dela.